A série Justiça Sem Limites (Boston Legal) de David E. Kelley é sem dúvida uma das produções para televisão mais inteligentes que já assisti. Para além da neurose norte americana no campo do direito (e estamos herdando isso com certeza) e a minha impaciência para a mesmice de produções desse gênero, fiquei impressionado com o conteúdo. Estou falando sério, é uma das séries mais inteligentes, dramáticas, irônicas, sarcásticas e criativas que já vi. Assisti as primeiras temporadas em menos de três dias. Criada pelo produtor David Kelley, Justiça Sem Limites acompanha a vida do advogado Allan Shore (James Spader) em uma firma de advocacia na cidade de Boston. Aliás, Allan Shore surge como uma espécie de continuação para o mesmo personagem que aparece na última temporada da extinta série The Pratice. Segundo Kelley, a personagem era tão carismática que o produtor fez questão de convidar o ator para Boston Legal.
Willian Shatner como o 'infalível' e 'senil' advogado Danny Crane, faz par com Allan Shore. Completam esse time a veterana Candice Bergen e vários outros atores que mudam inexplicavelmente ao longo das temporadas. Até aí nada demais. Mas o que falta de criatividade e habilidade para contar histórias em outras produções, sobra em Boston Legal. Começa pelo fato de James Spader não surgir como protagonista em seus primeiros episódios. Ele aparece como coadjuvante e pouco a pouco conquista espaço na história. Outra coisa interessante é a quantidade de esteriótipos apresentados ao telespectador. E o que a primeira vista poderia ser interpretado como polêmica barata, revela-se como uma hábil construção de personagens. Cada figura é desconstruída e suas motivações se mostram cada vez mais complexas do que aparentam.
A quantidade de figuras bizarras e situações esdrúxulas na série me impressionam. Mas a capacidade de Kelley de argumentar sobre essas figuras e situações me impressionam ainda mais. David E. Kelley estudou direito e fala com muita propriedade sobre o tema. Mas o 'processo' aqui (com o perdão do trocadilho) é de desconstrução do sistema. A avalanche de críticas e auto críticas ao sistema e ao país é absurda. Temas polêmicos e atuais, causas perdidas e situações hilárias, são um desafio que o autor parece adorar escrever. E convenhamos, Kelley rege com maestria, pois cada defesa e apelação das personagens no tribunal nos levam a rir, torcer e refletir. A improvável e inexplicável amizade das personagens de Allan Shore e Danny Crane são uma atração a parte. Um é democrata e defensor dos direitos humanos, o outro é republicano, reacionário, sofre do mal da vaca louca, é a favor das armas e cheio de preconceitos. Mesmo assim o autor torna esses improváveis amigos em âncoras da série.
Outra característica genial é a metalinguagem nos diálogos das personagens. Em vários momentos os atores falam de suas vidas como se fossem personagens de uma série de tv, fato que não deixa de ser uma crítica ao próprio modus operandi da televisão americana. Ainda poderia falar muito sobre a série, mas perderia a graça. Quem puder assista a ótima Boston Legal, Justiça Sem Limites e descubra as peripécias dos dois flamingos de Boston.
A quantidade de figuras bizarras e situações esdrúxulas na série me impressionam. Mas a capacidade de Kelley de argumentar sobre essas figuras e situações me impressionam ainda mais. David E. Kelley estudou direito e fala com muita propriedade sobre o tema. Mas o 'processo' aqui (com o perdão do trocadilho) é de desconstrução do sistema. A avalanche de críticas e auto críticas ao sistema e ao país é absurda. Temas polêmicos e atuais, causas perdidas e situações hilárias, são um desafio que o autor parece adorar escrever. E convenhamos, Kelley rege com maestria, pois cada defesa e apelação das personagens no tribunal nos levam a rir, torcer e refletir. A improvável e inexplicável amizade das personagens de Allan Shore e Danny Crane são uma atração a parte. Um é democrata e defensor dos direitos humanos, o outro é republicano, reacionário, sofre do mal da vaca louca, é a favor das armas e cheio de preconceitos. Mesmo assim o autor torna esses improváveis amigos em âncoras da série.
Outra característica genial é a metalinguagem nos diálogos das personagens. Em vários momentos os atores falam de suas vidas como se fossem personagens de uma série de tv, fato que não deixa de ser uma crítica ao próprio modus operandi da televisão americana. Ainda poderia falar muito sobre a série, mas perderia a graça. Quem puder assista a ótima Boston Legal, Justiça Sem Limites e descubra as peripécias dos dois flamingos de Boston.
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